De repente... Criança!

Esse Dia da Criança foi especial.

Eu adoro presentear meus filhos, principalmente em momentos inesperados. Gosto de ver a carinha curiosa, surpresa e satisfeita deles. Dar presente só porque "é dia da Criança e ponto final" não cola.

Por isso mesmo eu já tinha decidido: esse ano não haveria presentes. E não é rebeldia. Não minha. Eles. E principalmente o Henrique. Não mereciam e ponto final. Sabe aquelas crianças mal-criadas, que berram, esperneam e rolam no chão do supermercado só porque foram contrariadas? Criança que joga brinquedo no chão e pisa em cima só porque alguém está dizendo "não faça isso"? Criança que não escova os dentes nem com banda de música? Que não quer trocar a roupa de manhã e quase faz você levá-lo pra escola de pijama só pra não chegar atrasado no trabalha mais uma vez? Então, esse é o Gabriel, muitas vezes. E o Henrique, todos os dias.

Por isso eu havia decidido.

Mas como tudo na vida familiar, nada pode ser decidido só por um. E o pai tem coração mole. O pai queria encher a gurizada de presentes, só pra ver eles sorrirem. E depois, quando a coisa enfeiar e a vontade for só chorar?!?

Foi motivo de briga.

Mas foi então que algo sublime aconteceu.

Na sexta-feira, dia 12 de outubro, o tal Dia da Criança, Henrique acordou que foi um anjo. Safado, sem vergonha, se não tivesse só 2 anos de idade, eu diria que foi de propósito! Então eu tive que repensar minha escolha. Fomos almoçar no shopping e demos uma passadinha na loja de brinquedos. Expliquei pra eles que como os dois estavam muito comportados, cada um poderia escolher um brinquedo. A alegria tomou conta daqueles corpinhos, que corriam pela loja e a cada novidade avistada era um grito "escolhi esse", "não, quero esse", "não, aquele!"... Foi aí que tive uma idéia. Chamei o Henrique e perguntei o que ele achava de deixar o bico ali na loja em troca de dois brinquedos. E para minha surpresa, ele pensou, pensou, pensou e aceitou. Na hora eu e o pai ficamos meio incrédulos, mas resolvemos investir na idéia. Ali mesmo, uma idéia improvisada, de repente tomou um rumo inesperado.

Henrique tirou o bico da boca, largou num canto, agarrou seus brinquedos novos e foi embora feliz. E nós também.

Há dois anos atrás foi o Gabriel. No natal. Largou o bico e nunca mais falou no assunto. Com o Henrique sabíamos que não seria tão fácil, talvez por isso nunca tivéssemos investido pra valer na questão. Assim, de supetão, parece que foi menos traumático para todos. Mais tarde, quando o soninho bateu, ele sentiu falta e pediu. E isso se repetiu no dia seguinte. Mas sem grandes escandâlos, apenas um pedido tímido e sem esperança.

Quando reforçamos a idéia de que "agora ele não é mais bebê, é uma criança", o orgulho brilhava nos olhinhos e logo o bico ficava esquecido.

Três dias depois, podemos dizer aliviados que valeu a pena.

Mais uma etapa vencida, mais uma fase pela frente.




De volta ao presente

Eu não quero que as pessoas me interpretem mal. Eu espero que um dia eu consiga externar tudo que vive aqui dentro de mim. E que isso seja bom. Mas caso eu não consiga, que fique um pouco aqui registrado. Por isso estou de volta.

Nas últimas semanas coisas aconteceram, coisas mudaram, coisas urgem por mudanças.

Uma pessoa me disse que conversar é bom. Desabafar é necessário. Aliviar é um benefício. Mas como? Onde? Quem? Não é assim tão fácil. Então, támbém por este conselho, estou de volta.

Hoje zapeando na TV, encontrei um filme no Telecine Cult. Obrigada Sky por abrir os canais aos clientes do basicão. Eternal Sunshine of the Spotless Mind. Como o próprio nome diz, brilhante. Tantas vezes já vi esse filme, mas sempre descubro algo novo. E hoje o que descobri foi o seguinte: eu estou viva. E esquecer nem sempre é bom. Há coisas passadas, nem tão longe assim, que não podem ser esquecidas. Eu não posso esquecer de mim mesma! Eu preciso me achar novamente.
 
- This is it, Joel… It’s gonna be gone soon.
- I know.
- What do we do?
- Enjoy it.

2012

É isso. 2011 passou e eu não registrei nada. Nada.
Se parar para pensar, o que eu fiz em 2011? De bom? de Ruim? O que eu fiz at all? Nada. Talvez seja isso.

2011 foi um ano dedicado ao TRABALHO. Eu dei duro, me enfiei de cabeça, consegui uma promoção que parecia algo muito distante. Trabalho ($$$$) é a base de tudo. Mas no fundo, isso significa: NADA. Quanta coisa eu deixei de fazer em 2011 por causa do trabalho? As coisas não feitas encheriam uma página. Assim como as reclamações e lamentações que poderiam seguir agora. Mas não.

2011 foi nada e ponto final. Agora é 12.