2011 vem aí

2010 definitivamente não foi o melhor ano da minha vida. Eu poderia ficar aqui me lamentando, enumerando defeitos, fazendo resoluções, buscando respostas... que jamais existirão. Mas não! Hoje, dia 31 de dezembro, eu só vou dizer uma coisa: MUDANÇA.

E o resto, deixo ela falar por mim:

" Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante

que a velocidade.


Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.


Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
você passa.


Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.


Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.


Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.


Durma no outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.


Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.


Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.


Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.


Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.


Tente.


Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.


Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.


Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.


Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.


Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.


Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.


Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.


Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.


Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.


E aproveite para fazer uma viagem
despretensiosa,
longa, se possível sem destino.


Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.


Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.


O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda !


Repito por pura alegria de viver:

a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena! "

- Clarice Lispector.

Henrique 1 aninho

Escrevi sobre o Natal e atropelei uma data importante que veio antes:
o 1º aniversário do Henrique!

Nosso caçulinha está crescendo... E todo parente/amigo/estranho me diz "aproveita que passa voando!" Pois é, isso eu já sei. E, em certos momentos eu quero mais é que voe mesmo!!

Já passei por isso, então posso dizer com mais convicção ainda: pra mim, essa fase é a pior. Quando o bebê engatinha e já fica em pé, mas ainda não caminha... Treina os primeiros passos e insiste em fazer isso nos piores lugares possíveis, tipo na beira duma escada, ao lado de uma quina ou em cima do sofá. E aí a super mãe tem que estar lá, sempre atenta, sempre a postos, sempre sempre. Depois, quando eles caminham sozinhos, comem sozinhos e às vezes até guardam a bagunça sozinhos, tudo fica mais fácil. Sobra mais tempo pra viver. Sim, eu estou cansada.

Mas no fundo também estou feliz. Henrique é mil vezes mais ativo que o irmão, faz muito mais bagunça, sujeira e arte! É super risonho, simpático e já demostra uma personalidade bem forte. Quando contrariado, chora pra valer. Ele chora muito mais de furioso do que de qualquer outra coisa. Se tirar o brinquedo da mão dele, por exemplo, ele vai chorar muito mais do que se tivesse caído de cabeça no chão!! Será que puxou a mãe?

7 dentinhos! o sorriso está ficando diferente. Adora comer, de tudo. Enfia a mão na boca, tira a comida pra dar uma olhadinha e depois coloca de volta. Na hora de dormir, gosta de ficar um pouco no colinho e tem o sono um pouco leve. É calorento, muito! Amaaa um ar condicionado. Música é outra paixão. Seja qual for, ele já sai se balançando e batendo palminha sem parar. Só tem uma coisa que ele ama mais do que tudo isso: o irmão Gabriel. Vive correndo (ou nesse caso, engatinhando) atrás dele. E puxa os cabelos, e bate na cara e ri sem parar! Cai na gargalhada quando o Gabi faz gracinhas pra ele.

Eu ainda não descobri nada mais lindo que esse amor fraternal. É essa interação espontânea, sincera e inspiradora entre os dois que me dá forças para continuar.
 
Que venham mais 1, 2, 3... vários anos.

Então é Natal...

Mais um ano se passou... mais um Natal chegou.

Eu confesso que essa época do ano me deixa mais deprimida do que o normal.

Se parar pra pensar, o Natal pra mim perdeu a graça quando eu deixei de ser criança. E não só porque a magia do Papai Noel se desfez... Acho que a principal mudança foi a separação da minha família. Quando eu fiz 11 anos, mudei de cidade com meus pais e irmão. Uma das minhas primas também  foi embora pra outro lugar. Enfim, cada um pro seu canto. E acabaram-se as ceias natalinas cheias de preparativos, de enfeites, de comidas, de presentes... de família. Ficou difícil reunir todo mundo. Ficou mais difícil ainda achar graça num Natal sem graça.

Em dezembro de 2008 aconteceu algo que viria acabar de vez com meu espiríto natalino: o falecimento da minha mãe. Mas 6 meses antes eu havia ganhado algo muito valioso e que 1 ano após me mostraria que tudo é possível, e que a verdadeira magia estava apenas renascendo: meu filho.

No Natal de 2009 o Gabriel tinha 1 ano e meio e o maninho Henrique havia acabado de nascer. Foi quando tudo mudou. Naquele ano os olhinhos curiosos do Gabriel descobriam o mundo, as luzes, as cores, os sons. Eu que sempre odiei shopping em época de festas de fim ano, achei um motivo para amar-muito-tudo-isso. Observar as pequenas e fabulosas descobertas do meu filho não tem preço. Bastou isso pra mudar meu conceito em relação ao Natal. Até árvore eu montei em casa!

Bom, em 2010, não preciso dizer que tudo isso aconteceu em dobro. O Henrique completou 1 aninho e agora é ele quem fica maravilhado com todas essas coisas. Ao mesmo tempo, o Gabriel está em outra fase, nem por isso menos fascinante. Esse ano aproveitamos a história do Natal e Papai Noel para fazer algo que vai totalmente contra os meus princípios anti-capitalismo-forçado-em-datas-festivas-que-nada-tem-a-ver-com-presentes-materiais. Mas por uma questão de necessidade, me rendi. Com alguma antecedência começamos a conversar com o Gabi sobre a possibilidade de dar o bico dele ao Papai Noel na noite de Natal, em troca de uma bicicleta. No começo foi só um bate papo, mas ele se empolgou tanto com a história que começou a contar pros colegas na escola, apontava as bicicletas na rua e dizia que era "igual o Biel vai ganhá". Então resolvemos investir de verdade.

Chegou o grande dia. Falei para o Gabriel que "HOJE é o Natal". Combinamos que ele deixaria o bico dentro da bota do Noel, pendurada na nossa árvore. Nossa ceia seria na casa dos avós, então quando voltássemos, o bom velhinho teria levado o bico embora e no pé da árvore estaria a tão aguardada bicicleta. Ele ficou radiante, nem esperou eu terminar de falar e já estava me dando o bico, pra iniciar o ritual. Voltamos pra casa já era meia noite. Ele ficou acordado e no caminho fazia comentários, num misto de excitação e nervosismo que chegava a dar pena! Quando abrimos a porta e lá estava o pacote, foi só alegria!!! Ele sequer lembrou do tal bico... Queria abrir o presente, queria montar a bicicleta, queria sair pedalando na madrugada afora!!! Eu nunca tinha visto meu filho daquele jeito. Foi aí que eu percebi que ele está crescendo, está fazendo escolhas, está mostrando suas vontades e preferências. Ele decidiu que deixaria o Papai Noel levar o bico e assim foi. Pra quem não podia ficar mais de 1 hora sem o dito cujo, já posso dizer que essas 30 horas de abstinência sem nenhuma recaída já são uma vitória!

Infelizmente o dia 25 amanheceu chuvoso e não podemos estreiar a bici na rua... Mas nem por isso ele deixou de se divertir e de estreiar também o primeiro galo! Foi uma queda, mas não DA bicicleta, e sim NA bicicleta. Ele ficou tão alucinado que conseguiu tropeçar e cair de cabeça no pedal. Um galo em cima do olho, pra registrar o momento.

Nossa casa está uma zona, tem brinquedos espalhados por lugares que eu nem sei! Mas a carinha de felicidade dos bichinhos compensa tudo. Se não fosse por eles, eu provavelmente nem teria lembrado que ontem era Natal.