Então é Natal...

Mais um ano se passou... mais um Natal chegou.

Eu confesso que essa época do ano me deixa mais deprimida do que o normal.

Se parar pra pensar, o Natal pra mim perdeu a graça quando eu deixei de ser criança. E não só porque a magia do Papai Noel se desfez... Acho que a principal mudança foi a separação da minha família. Quando eu fiz 11 anos, mudei de cidade com meus pais e irmão. Uma das minhas primas também  foi embora pra outro lugar. Enfim, cada um pro seu canto. E acabaram-se as ceias natalinas cheias de preparativos, de enfeites, de comidas, de presentes... de família. Ficou difícil reunir todo mundo. Ficou mais difícil ainda achar graça num Natal sem graça.

Em dezembro de 2008 aconteceu algo que viria acabar de vez com meu espiríto natalino: o falecimento da minha mãe. Mas 6 meses antes eu havia ganhado algo muito valioso e que 1 ano após me mostraria que tudo é possível, e que a verdadeira magia estava apenas renascendo: meu filho.

No Natal de 2009 o Gabriel tinha 1 ano e meio e o maninho Henrique havia acabado de nascer. Foi quando tudo mudou. Naquele ano os olhinhos curiosos do Gabriel descobriam o mundo, as luzes, as cores, os sons. Eu que sempre odiei shopping em época de festas de fim ano, achei um motivo para amar-muito-tudo-isso. Observar as pequenas e fabulosas descobertas do meu filho não tem preço. Bastou isso pra mudar meu conceito em relação ao Natal. Até árvore eu montei em casa!

Bom, em 2010, não preciso dizer que tudo isso aconteceu em dobro. O Henrique completou 1 aninho e agora é ele quem fica maravilhado com todas essas coisas. Ao mesmo tempo, o Gabriel está em outra fase, nem por isso menos fascinante. Esse ano aproveitamos a história do Natal e Papai Noel para fazer algo que vai totalmente contra os meus princípios anti-capitalismo-forçado-em-datas-festivas-que-nada-tem-a-ver-com-presentes-materiais. Mas por uma questão de necessidade, me rendi. Com alguma antecedência começamos a conversar com o Gabi sobre a possibilidade de dar o bico dele ao Papai Noel na noite de Natal, em troca de uma bicicleta. No começo foi só um bate papo, mas ele se empolgou tanto com a história que começou a contar pros colegas na escola, apontava as bicicletas na rua e dizia que era "igual o Biel vai ganhá". Então resolvemos investir de verdade.

Chegou o grande dia. Falei para o Gabriel que "HOJE é o Natal". Combinamos que ele deixaria o bico dentro da bota do Noel, pendurada na nossa árvore. Nossa ceia seria na casa dos avós, então quando voltássemos, o bom velhinho teria levado o bico embora e no pé da árvore estaria a tão aguardada bicicleta. Ele ficou radiante, nem esperou eu terminar de falar e já estava me dando o bico, pra iniciar o ritual. Voltamos pra casa já era meia noite. Ele ficou acordado e no caminho fazia comentários, num misto de excitação e nervosismo que chegava a dar pena! Quando abrimos a porta e lá estava o pacote, foi só alegria!!! Ele sequer lembrou do tal bico... Queria abrir o presente, queria montar a bicicleta, queria sair pedalando na madrugada afora!!! Eu nunca tinha visto meu filho daquele jeito. Foi aí que eu percebi que ele está crescendo, está fazendo escolhas, está mostrando suas vontades e preferências. Ele decidiu que deixaria o Papai Noel levar o bico e assim foi. Pra quem não podia ficar mais de 1 hora sem o dito cujo, já posso dizer que essas 30 horas de abstinência sem nenhuma recaída já são uma vitória!

Infelizmente o dia 25 amanheceu chuvoso e não podemos estreiar a bici na rua... Mas nem por isso ele deixou de se divertir e de estreiar também o primeiro galo! Foi uma queda, mas não DA bicicleta, e sim NA bicicleta. Ele ficou tão alucinado que conseguiu tropeçar e cair de cabeça no pedal. Um galo em cima do olho, pra registrar o momento.

Nossa casa está uma zona, tem brinquedos espalhados por lugares que eu nem sei! Mas a carinha de felicidade dos bichinhos compensa tudo. Se não fosse por eles, eu provavelmente nem teria lembrado que ontem era Natal.

1 Response
  1. Amei Dé.. imaginar a cena do seu pequeno alucinado pela Bike foi demais! bjs!!