Do virtual para o real

Em 2007, quando eu engravidei pela primeira vez, foi um susto e eu me senti completamente perdida e sozinha. Fui procurar "companhia" no orkut. E achei! Numa simpática comunidade chamada Bebês Junho e Julho 2008 (que mais tarde passou a se chamar "Bebês MAIO Junho e Julho 2008", devido aos apressadinhos), foi lá que encontrei pessoas na mesma situação que eu, pessoas que poderiam me entender. Com o passar do tempo, percebi que na verdade era muito mais do isso. Já são mais de 2 anos compartilhando histórias e sentimentos com essas pessoas, e hoje posso dizer que muitas delas são minhas amigas.

Porque uma coisa é certa: depois que a gente vira mãe, só uma outra mãe pra nos aturar. É difícil, muito difícil, manter os antigos amigos com a mesma energia. Os assuntos são outros, as prioridades são outras, é tudo diferente. E quando esses amigos são colegas de faculdade ou companheiros de balada, aí sim, pode esquecer. No início eles vão se mostrar interessados e preocupados, podem até te procurar uma vez ou outra. Visitinha pra conhecer o novo bebê, conversinhas esporádicas... e aos poucos vão se distanciando. Quem passa as madrugadas de sábado dançando freneticamente com uma garrafa na mão não quer saber de quem passa as madrugadas de sábado com um bebê no colo. Olheiras de ressaca não combinam com olheiras de maternidade.

Então resta a conformação. A gente perde alguns amigos, mas ganha outros. Pessoas que sabem argumentar sobre a qualidade do leite, que entendem a diferença entre a Pampers vermelha e a Total Confort e que sempre carregam bolachas e suco na bolsa. E com essas pessoas a gente pode fazer um pic nic no parque, rodeados de brinquedos, falando bobagem e rindo a toa.  Eles não vão te achar um anormal se precisar trocar uma fralda em local público, nem se tirar um teta pra fora porque o bebê está com fome.

E o que era pra ser uma coisa boba de internet, se tornou isso. Nosso grupinho saiu do virtual e está aí. Nossos orkontros acontecem desde 2008 e quando nossos filhos crescerem, se rebelarem e ganharem o mundo, certamente restará algo de muito bom dessa amizade que nos fará seguir o caminho sem eles.


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